Eu não queria mesmo nada falar da polémica do Relvas, mas há coisas que têm que ser ditas. Que me desculpem os mais revoltados com a situação e que estudaram e queimaram as pestanas durante 4 ou 5 anos (porque eu também o fiz), mas isto não passa de uma "hipocrisia" desmedida. 'Tá bem que o senhor não estudou pra ter a licenciatura que tem, 'tá bem que há muito mais gente qualificada que podia muito bem ocupar dele, mas ele não é o único a quem isso acontece. Aliás, neste momento, está a ser estudado um protocolo europeu que vai permitir conceder AUTOMATICAMENTE o grau de Mestre a TODOS os licenciados pré-bolonha. Ora bem, pondo de parte as criticas ao processo bolonha (e são tantas e tantas), quem quiser vai poder requerer a sua nova qualificação sem nunca ter participado de uma aula de Mestrado, e portanto, sem se ter especializado numa área concreta. Ou seja, eu, que nunca me candidatei, frequentei ou terminei um Mestrado na Universidade do Minho, vai-me ser concedido um papel que declara que eu o fiz. E isto será legal e feito por Universidades Públicas.
Se é justo? Será mesmo um papel que traduz a real capacidade do trabalhador? Pode ser que sim, pode ser que não. E contra mim falo, se calhar mas, honestamente, o que interessa é se a pessoa faz um bom trabalho ou não.
Eu sei que os novos Mestres pós-Bolonha também não saem especializados como saem os que fazem um Mestrado normal (eu sei, acreditem) mas isso já é culpa de quem reformulou os cursos e de quem quis instituir uma "Europa do Conhecimento" que não se traduz em nada mais do que uma Europa com mais Mestres (mais qualificados no papel) mas nem por isso uma Europa com mais conhecimento ou capacidades.
Pá, é chato e revoltante, eu sei, mas, caso não tenha existido suborno, o homem só fez aquilo que o sistema lhe permite fazer.
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