02 julho 2013

Muda a merda mas o cheiro é o mesmo

Sou uma covarde. Sou não sou? Sou covarde porque saí de Portugal, porque "abandonei" o barco e deixei lá os outros com a batata quente. Sou covarde porque não fui a nenhuma manifestação nos últimos 2 anos, sou covarde porque reclamo (e bastante) do estado a que levaram o MEU PAÍS sem sequer lá estar a sofrer na pele o que se passa, se calhar também sou covarde por pedir e achar que os portugueses têm que se revoltar (mas revoltar à grande, assim como antigamente) e tirar aqueles energúmenos de lá pra fora (começava logo no Cavaco).

Posso até ser covarde, não ligo nem quero saber, mas sei que de cada vez que leio o jornal e vejo o que se passa levo uma facada no peito. E não falo só e únicamente no estado financeiro deplorável em que se encontra Portugal. Falo mesmo é da falta de liderança (ou liderança de qualidade) com a qual o MEU PAÍS está a sofrer, falo dos exemplos de corrupção, dos jobs for the boys, do nepotismo, da censura, do autoritarismo, da ineputabilidade e do sentido de irresponsabilidade e descuido com que os nossos políticos, conselheiros, governantes gerem o MEU PAÍS. Já para não falar da ditadura camuflada que fomos permitindo nos útimos anos.

Falar da crise em Portugal é quase como falar do tempo em Londres. Não há assunto fala-se da crise. Entendo, percebo e até justifico. Mas falar não basta (e sim já sei que pra mim, que abandonei o barco e não fiquei prá luta, é fácil falar). (In)Felizmente somos um país civilizado e não agressivo no que toca a estas coisas das revoluções. Por um lado gosto que assim seja, gosto da nossa cultura pacífica. Mas por outro, já dizia o grande Jorginho, Ai Portugal Portugal, de que é que está à espera! Quem os lá meteu fomos nós, quem os de lá tira também podemos ser nós. Não apelo à anarquia, mas nós, como povo e como membros de uma estado democrático, temos o direito, o dever de intervir e fazer-nos ouvir.

Tenho medo, muito medo que todo o sacrificio passado pelos meus Pais, Avós, Tios, por todos aqueles que morreram às mãos de um regime ditador e autoritário não tenham valido a pena. Era só isto.

1 comentário:

S* disse...

Se todos lutarmos, isto vai ter de mudar.

Ad confessionem