30 outubro 2012

Linchem-me, nem quero saber.

Desde que saí de Portugal, mais precisamente, desde que me mudei para Londres, tive que me habituar a conviver com todo o tipo de raças, credos e culturas. Até aí, nunca tive problemas com isso e sempre fui educada no respeito pelo próximo. No entanto, e desde que cá estou, vejo situações e ouço discursos, em que ponho em causa alguns dos valores com que fui educada. Custa-me um bocado estarem sempre a lutar por uma sociedade mais respeitadora quando, aqueles que se queixam da tal discriminação e racismo, são os próprios a fazê-lo.

Desde que cheguei a Londres já senti os meus direitos serem desrespeitados, em relação a outros (normalmente uma "minoria") um bom par de vezes e já me senti alvo de racismo e discriminação (por parte de elementos de uma "minoria") outras tantas. Não me venham com tretas de que temos que respeitar toda a gente, se essa mesma gente não nos respeita. Querem respeito dêm-se ao respeito.

Eu quando me mudei para cá sabia, à partida que ia para um país diferente do meu, com novas regras, nova cultura, novos parâmetros pelos quais eu me iria ter que reger. Sim, EU, aquela que decidiu ir para um país diferente do seu e que assume as responsabilidades de tal decisão.  Como tal, adapto-me!

Pelo contrário, há certas culturas, raças (whatever) que vêm para cá e se acham no direito de continuar a ter os mesmos hábitos e a exercer as mesmas "rotinas" que exerciam nos seus países de origem. E é precisamente aí que, para mim, a porca torce o rabo. Se vens para um país que não é o teu, adaptas-te a esse país, ponto final. É claro que o país em questão pode acolher melhor ou pior os emigrantes, não é essa a questão. Mas não finges simplesmente que só mudaste de casa e que continuas a reger-te pelas mesmas regras do país fim de mundo de onde vieste.

Passando a minha revolta para situações mais concretas:

- Porque é que é ilegal andar com a cara tapada em zonas públicas e as mulheres muçulmanas podem andar de burca?
- Porque é que eu (quase) tenho que ficar em roupa interior nos aeroportos para passar na segurança, e as mulheres muçulmanas podem passar sem nem levantar a burca? ( e isto eu vi, ninguém me contou)
- Como é possível existirem crianças (nomeadamente meninas) que são proibidas de ir à escola?
- Como é possível que ainda se "permita" a circuncisão feminina e os casamentos arranjados aos 10 anos de idade?
- Nunca ninguém processou ninguém por chamar a outro "branco de merda", no entanto, se alguém fizer a mínima referência a qualquer coisa que tenha a mesma cor que a outra pessoa, nem que lhe chame grão de café torrado, leva logo com um processo em cima. Tomaaa, é só para não te armares em racista!
- Os "pretos", não se juntam aos "brancos". Não gostam e não querem. E isto foi-me dito na cara e eu senti-o na pele. Ah e só vão aos "black bars" (seja lá isso o que for, que eu nem sabia que existiam "white bars" e "black bars") 
- Por alma de quem é que a comunidade muçulmana em Londres quer que a Lei Islâmica (Sharia Law*) seja proclamada como vigente e obrigatória na Inglaterra para todos os Muçulmanos?
- Etc, etc, etc...

É por estas e por outras que, apesar de nao me considerar racista, sou revoltada contra a tão proclamada igualdade de direitos. Igualdade? Só se for os direitos dos outros porque os meus já foram desrespeitados muitas vezes.


(é óbvio que isto não se põe para toda a gente, nem para todas as culturas. Há, felizmente, excepções à regra e pessoas que, apesar de não perderem as suas raízes e cultura, sabem adaptar-se e viver de acordo com as regras do "seu" novo país)

*aquela pela qual a religião islâmica se rege e que defende, por exemplo, que as mulheres devem estar todas tapadas, ou que não podem trabalhar, ou então que o adultério tem como pena a morte por apedrejamento, ou ainda que relações homossexuais são puniveis com a morte.

2 comentários:

Cor do Sol disse...

Já sabes que eu concordo e bem com isso, apesar de aqui na Irlanda não ser igual. A única coisa que tolero é a alimentação diferente e como na escola onde eu estou se fazer um esforço para agradar a todos mas esse também é só uma pequena gota num oceano tao desigual.

Onisa disse...

Pois, mas isso são coisas que não põem em causa os direitos das outras crianças, e até é um exemplo de bem receber os "convidados". O que me revolta é existirem "filhos e enteados" e, apesar de as leis serem para todos, só "eu" é que sou obrigada a cumprir. Qualquer dia vou andar com um máscara de ski na rua e dizer que é a minha religião que me obriga. Enfim, já sabes o que penso sobre isso... Veijos

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